Meiguice do crustáceo

Considerado um dos crustáceos mais refinados, a lagosta inspira os melhores chefs do mundo que desenvolveram um corpo de receitas infindável para a confeccionar. Cozida, grelhada, frita, em risotto, suada, com variantes e criações mais ou menos inusitadas, encanta os palatos mais exigentes.

Mas nem todos têm a possibilidade de privar com este animal transacionado a preços exorbitantes, só acessíveis a alguns eleitos de carteiras avantajadas. É vista como “requintada”, “subtil”, “sofisticada” ou “preciosa”. Consta até que o animal é invocado na poesia e na ficção numa amplitude que vai da descrição factual à metáfora sublime.

Curiosamente, a lagosta não figura no cardápio deste estabelecimento, apesar do seu protagonismo no toldo que a descreve como um ser vivo capaz de sentir meiguice, o que talvez explique a impossibilidade de ser apresentada no prato dos comensais…. “- Não ides tragar um bicho capaz de sentir afecto, pois não?”

Imagem gentilmente cedida por Susana Macedo.
(Vila Nova de Foz Côa, Abril 2019)

 

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